Guerra na Ucrânia já provoca abandono de pessoas com deficiência intelectual

O abandono de pessoas com deficiência e seus familiares já está acontecendo na Ucrânia, alerta a Inclusion Europe, que atua em 39 países. “As condições de vida das pessoas com deficiência intelectual, especialmente nas instituições, eram muito precárias mesmo antes da guerra, e a mera expectativa de guerra tirou os fundos da ajuda e apoio, moradores foram devolvidos para suas famílias e suspeita-se de abandono direto”, diz Risto Burman, diretor executivo da Associação Finlandesa de Apoio às Pessoas com Deficiência Intelectual (Kehitysvammaisten Tukiliitto), em comunicado publicado nesta sexta-feira, 25.

De acordo com o grupo, a crise humanitária e militar ameaça cidadãos da Ucrânia que têm deficiência intelectual “vulneráveis, como sempre, em meio a uma crise”.

O diretor pede ação imediata dos países da União Europeia e das organizações humanitárias na construção de um mecanismo de proteção para assegurar um controle das instalações onde vivem pessoas com deficiência intelectual, além de fornecer listas e informações sobre contatos e colaboradores locais.

Leia a íntegra do comunicado.

“A crise humanitária e militar está ameaçando os cidadãos da Ucrânia com deficiências intelectual e suas famílias. A Rússia está atacando a Ucrânia de forma ilegal e brutal e está tentando paralisar a sociedade ucraniana. As pessoas com deficiência intelectual são vulneráveis, como sempre em meio a uma crise.

De acordo com as informações que recebemos, as condições de vida das pessoas com deficiência intelectual, especialmente nas instituições, eram muito precárias mesmo antes da guerra. Além disso, a mera expectativa de guerra tirou os fundos da ajuda e apoio. Os moradores foram devolvidos para suas famílias e suspeita-se de abandono direto. A guerra de conquista em larga escala da Rússia está agora exacerbando a situação. A crise pode continuar por muito tempo. Estamos no início de uma grande crise humanitária.

A Inclusion Europe está trabalhando para manter contato com afiliados ucranianos e encontrar maneiras de ajudá-los, mantendo contato com afiliados em outros países, incluindo nós.

Nossa organização irmã na Ucrânia diz que a coisa mais importante agora é fornecer suprimentos básicos, como medicamentos para famílias que cuidam de seus entes queridos com deficiência, e monitorar a situação nas instalações de atendimento para que as dezenas de milhares de pessoas que vivem lá não sejam abandonadas e prejudicadas.

Desejamos urgentemente levar as seguintes mensagens às autoridades que coordenam as atividades na Ucrânia e à sociedade civil na Finlândia.

1 – Os países da União Europeia devem levar em consideração as pessoas com deficiência intelectual e suas famílias ao direcionar o apoio e a ação à Ucrânia.

2 – É importante que as organizações humanitárias alcancem as famílias que cuidam de familiares com deficiência.

3 – Os Estados Membros da UE devem utilizar o Mecanismo de Proteção Civil da UE para chegar a estas famílias e aos necessitados.

4 – Os Estados Membros da UE devem assegurar alguma forma de controla sobre as instalações em que vivem dezenas de milhares de pessoas com deficiência intelectual.

5 – Os parceiros europeus da nossa organização devem fornecer listas e informações sobre contatos e colaboradores locais.

Nós da Aliança ainda não temos acesso a apoio financeiro, como doações, para ajudar pessoas com deficiência intelectual e suas famílias deixadas para trás na guerra. Estamos trabalhando com a nossa organização guarda-chuva para identificar oportunidades e qual a organização humanitária internacional que pode canalizar a ajuda europeia diretamente para as famílias e para ajudar as organizações com deficiências de desenvolvimento.

Nesta fase, o mais importante é exigir que os países da UE, como a Finlândia, também direcionem a ajuda humanitária às pessoas com deficiência intelectual e suas famílias, e que as pessoas com deficiência intelectual não sejam esquecidas e abandonadas nesta situação terrível.

A nova crise de refugiados na Europa também começou. Tornar-se refugiado é extremamente difícil para a família, mas muitas vezes não é possível para quem cuida de um familiar com deficiência ou vive em uma instituição. O governo finlandês deve estar preparado para levar em consideração as pessoas com deficiência e suas famílias em seus próprios planos de refugiados.

Com base em seus próprios discursos, o Estado russo se opõe a todo o mundo democrático ocidental e à comunidade de valores. Um ataque à Ucrânia não é apenas um ataque à Ucrânia, e os objetivos da Rússia não se limitam à Ucrânia ou a parte dela. A ameaça representada pela Rússia afeta toda a Europa, seus valores de direitos humanos e suas minorias. Na Finlândia, iluminar edifícios com amarelo e azul não é suficiente agora, pois a Rússia ilumina edifícios ucranianos com bombas.

A guerra na Ucrânia também é motivo de preocupação na Finlândia e também para pessoas com deficiência intelectual, que podem ter dificuldade em acessar informações ou encontrar formas e oportunidades para lidar com os sentimentos de ansiedade e ansiedade causados ​​pela guerra. A associação de apoio trabalha em conjunto com suas organizações membros, compartilhando informações e criando oportunidades de discussão, levantando preocupações e enfrentamento na vida cotidiana”.


Reproduzido do blog Viver sem limites

O primeiro blog brasileiro a abordar as doenças raras na perspectiva da Agenda 2030 e dos Direitos Humanos!

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